27.02.10

Ele marcou-me como quem marca um território.

Quebrou todos os meus limites e barreiras, todos os que havia criado para mim própria.
"Eu nunca faria isso!". E eu fiz tantos "issos" por ele...

Marcou-me, explorou o desconhecido, conheceu e deu-me a conhecer o que nem eu sabia de mim mesma.

 

Somos o que somos hoje porque, um dia, fomos nós. Porque crescemos juntos, aprendemos juntos.

 

Porque juntos rimos, choramos, discutimos mas concordamos, experimentamos, vivemos situações de vida e de quase morte, fomos apoio e protecção, vivemos amor, vivemos paixão...

 

O que sou hoje devo-o muito a ele.

 

"Nunca te tornes vulgar.", pediu-me hoje. Eu ainda sou eu...

publicado por Vera às 00:31

26.02.10

"I'm looking for love. Real love. Ridiculous, inconvenient, consuming, can't-live-without-each-other love."

Carrie Bradshaw

 

 

música: Segredos, Paulo Gonzo
publicado por Vera às 23:28

25.02.10

Em plena avenida citadina, um homem descalço. Um homem descalço, com extensas rastas, roupa em tons terra, desalinhado, cigarro apagado na mão, com um andar confiante de dono da cidade. Pode nem ser o dono, mas é quem mais atrai os olhares nessa manhã.
Eu passo, com alguma pressa para apanhar o comboio. Ele dirige-se a mim, sorridente. Um daqueles sorrisos que merece resposta. E eu sorrio de volta, mas com temor. Que me quererá? Que homem estranho.

Tiro os auscultadores dos ouvidos, e penso que me vai pedir um isqueiro para acender o cigarro apagado.

Mas não.

Pergunta o meu nome, em inglês. A minha idade. Para onde vou, e fazer o quê. Começo a ficar ainda mais temerosa. Será que me vai seguir no caminho?

Continua, e pergunta o que estudo, em que consiste, se gosto. E conta-me que está cá a conhecer a cidade e o país. Tudo num inglês cujo sotaque não esconde a origem britânica. E eu falo com ele, respondo e faço também perguntas, enquanto continuo o passo apressado, que ele acompanha. E já não sinto qualquer medo ou impaciência.


No fim, despedimo-nos, desejo-lhe boa estadia, e que tome conta de si. E ele diz que Deus me terá debaixo de olho. Tudo com aquele sorriso.

E eu vou na viagem de comboio serena mas triste pelos meus preconceitos, arrependida por não ter tirado melhor partido da companhia, mas feliz por aquele estranho ter cruzado o meu caminho e me ter feito parar para pensar. E sorrir.

(E senti que Deus me tinha debaixo de olho.)

publicado por Vera às 21:59

13.02.10

E assim foi, assim acabou.

 

Depois de tanta luta, tanta mágoa, tudo está terminado. De vez e para sempre.

 

"Já não dá mais"... Já não vale mais a pena, já não há nada a fazer... Não há como continuar a insistir em algo que não tem futuro, que já não tem sequer presente...

Já não há conversas intermináveis, já não há sorrisos, já não há a paixão que fazia o tempo passar a correr... Já não há olhares, daqueles que só nós conhecemos um no outro. Já não há amor...

Só há a mágoa, a discussão, a tristeza. E o hábito... esse não chega para a felicidade...

 

Espero que, de tudo isto, reste uma amizade. Que reste aquilo que, um dia, nos aproximou: afinidades que transpôem aquilo que pode ser visto e sentido pelos outros.

 

Eugénio de Andrade diz o resto... :

 

Já gastámos as palavras pela rua, meu amor,
e o que nos ficou não chega
para afastar o frio de quatro paredes.
Gastámos tudo menos o silêncio.
Gastámos os olhos com o sal das lágrimas,
gastámos as mãos à força de as apertarmos,
gastámos o relógio e as pedras das esquinas
em esperas inúteis.

Meto as mãos nas algibeiras e não encontro nada.
Antigamente tínhamos tanto para dar um ao outro;
era como se todas as coisas fossem minhas:
quanto mais te dava mais tinha para te dar.
Às vezes tu dizias: os teus olhos são peixes verdes.
E eu acreditava.
Acreditava,
porque ao teu lado
todas as coisas eram possíveis.

Mas isso era no tempo dos segredos,
era no tempo em que o teu corpo era um aquário,
era no tempo em que os meus olhos
eram realmente peixes verdes.
Hoje são apenas os meus olhos.
É pouco mas é verdade,
uns olhos como todos os outros.

Já gastámos as palavras.
Quando agora digo: meu amor,
já não se passa absolutamente nada.
E no entanto, antes das palavras gastas,
tenho a certeza
de que todas as coisas estremeciam
só de murmurar o teu nome
no silêncio do meu coração.

Não temos já nada para dar.
Dentro de ti
não há nada que me peça água.
O passado é inútil como um trapo.
E já te disse: as palavras estão gastas.

Adeus.

publicado por Vera às 23:45

10.02.10

"Acho que precisas de jantar comigo."

E assim foi lançado o convite em jeito de desafio. Que eu aceitei de imediato.

 

E assim, depois de uma reprovação num exame de condução, com o meu humor ao rubro, fui jantar com o meu conselheiro nas horas vagas, antes de voltar para Aveiro.

Uma grande queda nas escadas do metro ajudou a desanuviar. Umas boas gargalhadas e pronto, a festa está lançada.

"Precisas de uma boa dose calórica."

Jantar no McDonald's seguido de um gelado da Häagen-Daz. Mesmo em cheio.

"Agora tens que chegar a Aveiro, sair, beber uns copos e curtir com o homem mais jeitoso do bar. E amanhã já estás pronta para outra!"

"As bebedeiras depois dão dores de cabeça. E as curtes também."

"Não se souberes escolher. Em ambos os casos."

 

E lá começa ele com o consultório sentimental. Que não posso ter medo. Que agora é que devia estar pronta para outra. Virar a página, erguer a cabeça, e sempre em frente, arranjar um belo loiro de olhos azuis e músculos definidos. Ou o que me apetecer no momento. Mas nada de compromissos. Partir uns corações por aí. Definitivamente, ele não é grande conselheiro.

 

"Se eu seguisse os teus conselhos estava tramada!"

"Eu sei que não segues, por isso é que tos dou. E ainda bem que não, senão nem eras tu."

"Sabes que eu não me dou bem com ordens ou tudo o que se pareça..."

"Nem é por isso. Mas se fizesses o que te digo deixavas de ser tu e passavas a ser uma qualquer."

 

Mas não. Digo-lhe que não quero, que não me sinto sequer preparada.

Quero paz e sossego.

Liberdade de fazer, de ser o que quero.

Sem ter alguém que espere que seja ou faça determinadas coisas.

Sem ter alguém que posso magoar ou defraudar.

Sem ter alguém que me possa magoar a mim.

Sem ciúmes, nem cobranças, nem medos.

Não é fantástico? Simplesmente ser eu! Fazer o que me apetece, ter tempo para mim, não ter ninguém que eu precise de agradar. Não sentir ciumes, não ter quem os sinta de mim. Não sofrer com medo da perda, nem ter nada a perder. Acho que me vou habituar a isto facilmente.

 

"Daqui a nada apaixonas-te e lá se vai a lengalenga toda."

"Nem penses. Eu estou vacinada contra relações!"

"Sim, claro."

 

E ele olha-me com aquela cara de quem sabe o fim do livro que eu ainda estou a ler.

Neste caso, eu mudarei a história antes de lá chegar então.

 

 

 

 


08.02.10

Não, não, não.

Não tão cedo, nem daqui a nada. Não daqui a bocado, nem por agora, nem para já.

 

Não quero quem espere, quem suponha, quem adivinhe ou preveja.

Não quero expectativas sobre mim...

 

Não quero ninguém que precise que seja assim, assado, ou melhor do que isso. Não quero alguém a quem possa magoar de forma directa ou indirecta, alguém em quem pensar ao tomar decisões.

 

Não quero ouvir a tua voz triste de quem se sente ignorado. Não quero saber que o meu amor não chega, que mereces melhor do que o melhor que eu consigo ser.

 

Egoísmo? Egoísta seria eu em continuar contigo....  :S

música: Deixa morrer: Ornatos Violeta
tags:
publicado por Vera às 19:36

"Quem se aborrece com a repetição, porque não é capaz de gozar as subtis diferenças que ela nos traz, não conseguirá mais do que repetir o seu aborrecimento, mudem o que mudarem os seus hábitos quotidianos". (Fernando Savater)
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