"E a conclusão é: de qualquer forma, o amor é um sentimento estúpido".
E foi a esta conclusão que chegamos, eu e o Loiro, companheiro de sempre. Depois de uma tarde naquela esplanadazinha simpática, a ver o mar e casais amorosos a passear, esta foi a grande verdade que conseguimos retirar.
"Hm hm, concordo. Mas porque dizes isso?".
"Fácil. Olha para nós os dois! Nós somos perfeitos um para o outro. Damo-nos bem, divertimo-nos imenso juntos, temos gostos em tudo semelhantes e os que não temos dão origem a conversas fantásticas de partilha. Conseguimos ter conversas interessantes e profundas, mas, quando é preciso, sabemos brincar como dois parvalhões. Até fisicamente, vê lá, eu aqui com os meus irrestisíveis cabelos loiros e olhos azuis. (gargalhada minha altíssima, fez uma gaivota voar!) Dávamos excelentes namorados, e éramos felizes para sempre. Mas, coincidência ou não, não nos amamos."
"Certíssimo. É estúpido. Em compensação, eu estou com um rapaz com quem não tenho nada a ver, o que faz com que 90% das conversas sejam discussões. Mas não me imagino sem aquele reles! E tu, estás sozinho, apaixonado por uma algarvia que só vê em ti um amigo. Não há justiça!"
"É verdade, é terrível. Nada neste mundo faz sentido. Muito menos no que diz respeito ao amor."
"Como se nós soubéssemos o que isso é..."
"Não sabes?"
"Sei lá se sei. Se calhar daqui a nada sinto algo totalmente diferente por outra pessoa e penso: ah sim, isto é que é amor!"
"Isso é porque há vários tipos de amor, Verinha."
"Definitivamente, Amor é a palavra que eles inventaram para definir uma receita, não a comida!Os ingredientes são sempre os mesmos, mas o resultado varia tanto..."