10.02.10

"Acho que precisas de jantar comigo."

E assim foi lançado o convite em jeito de desafio. Que eu aceitei de imediato.

 

E assim, depois de uma reprovação num exame de condução, com o meu humor ao rubro, fui jantar com o meu conselheiro nas horas vagas, antes de voltar para Aveiro.

Uma grande queda nas escadas do metro ajudou a desanuviar. Umas boas gargalhadas e pronto, a festa está lançada.

"Precisas de uma boa dose calórica."

Jantar no McDonald's seguido de um gelado da Häagen-Daz. Mesmo em cheio.

"Agora tens que chegar a Aveiro, sair, beber uns copos e curtir com o homem mais jeitoso do bar. E amanhã já estás pronta para outra!"

"As bebedeiras depois dão dores de cabeça. E as curtes também."

"Não se souberes escolher. Em ambos os casos."

 

E lá começa ele com o consultório sentimental. Que não posso ter medo. Que agora é que devia estar pronta para outra. Virar a página, erguer a cabeça, e sempre em frente, arranjar um belo loiro de olhos azuis e músculos definidos. Ou o que me apetecer no momento. Mas nada de compromissos. Partir uns corações por aí. Definitivamente, ele não é grande conselheiro.

 

"Se eu seguisse os teus conselhos estava tramada!"

"Eu sei que não segues, por isso é que tos dou. E ainda bem que não, senão nem eras tu."

"Sabes que eu não me dou bem com ordens ou tudo o que se pareça..."

"Nem é por isso. Mas se fizesses o que te digo deixavas de ser tu e passavas a ser uma qualquer."

 

Mas não. Digo-lhe que não quero, que não me sinto sequer preparada.

Quero paz e sossego.

Liberdade de fazer, de ser o que quero.

Sem ter alguém que espere que seja ou faça determinadas coisas.

Sem ter alguém que posso magoar ou defraudar.

Sem ter alguém que me possa magoar a mim.

Sem ciúmes, nem cobranças, nem medos.

Não é fantástico? Simplesmente ser eu! Fazer o que me apetece, ter tempo para mim, não ter ninguém que eu precise de agradar. Não sentir ciumes, não ter quem os sinta de mim. Não sofrer com medo da perda, nem ter nada a perder. Acho que me vou habituar a isto facilmente.

 

"Daqui a nada apaixonas-te e lá se vai a lengalenga toda."

"Nem penses. Eu estou vacinada contra relações!"

"Sim, claro."

 

E ele olha-me com aquela cara de quem sabe o fim do livro que eu ainda estou a ler.

Neste caso, eu mudarei a história antes de lá chegar então.

 

 

 

 


"Quem se aborrece com a repetição, porque não é capaz de gozar as subtis diferenças que ela nos traz, não conseguirá mais do que repetir o seu aborrecimento, mudem o que mudarem os seus hábitos quotidianos". (Fernando Savater)
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