29.07.09

"Olho para ti enquanto estudas. Que bom estar aqui contigo.

Tu lês com afinco enquanto moves a cabeça ao som da música. Olhas-me, e sorris. Eu retribuo, e tu voltas ao teu estudo. És bonito, tu, à tua maneira. Tens ar de menino traquina.

Vamos dar uma volta, sair um pouco, passear.

Os sítios conhecidos, o local do primeiro beijo, aquele inesperado, debaixo de chuva!... e a mesma lua. Sim, ela hoje está belíssima! Paramos a contemplá-la, e as nossas mãos entrelaçam-se...

 

"Posso perguntar-te uma coisa?"

"Sim, diz..."

"Amas-me?"

.....

 

Não sei o que dizer... será que sim? Se não for... o que é isto então ? Porque me invades o pensamento? Porque desprezei tudo o que tinha como certo, seguro e correcto para ficar contigo? Só pode ser amor, ou algo do género...

 

"Sim. Acho que amo..."

...

"E tu?"

"Não. Desculpa."

 

 

(Porque me perguntaste então?...)

 

O resto da noite foi silenciosa, e repleta de últimas coisas. Últimas confidências, últimas recordações a que possamos chamar "nossas". E o último beijo.

 

"Não te quero magoar."

"Falhaste nesse propósito."

 

Dizes-me que confundiste tudo. Amizade e Amor. Desejo com Paixão.

Eu também. Confundi Mentira com Verdade. Desvario com Pensamento.

 

"Não te preocupes. Ainda assim, eu tenho mais sorte por te amar do que tu por não me amares a mim."

 

 

"Estou cansada de sonhar, de desejar, de te querer e não te ter, de nunca saber se pensas ou não em mim, se à noite adormeces com saudades no peito ou te deitas com outras mulheres. Depois de todas as palavras e de todas as esperas, fiquei sem armas e sem forças. Sobra-me apenas a certeza de que nada ficou por fazer ou dizer, que os sonhos nunca se perderam, apenas se gastaram com a erosão do tempo e do silêncio."

Margarida Rebelo Pinto

 

publicado por Vera às 03:07

27.07.09

16h da tarde, Café na mesma.

 

"- Boa tarde menina!"

"- Boa tarde!"

"- Está um calor hoje. Então, com um calor destes não vai para a praia?"

 

(Sim sim, eu podia ir, mas preferi ficar aqui a servir graçolas como senhor!)

 

 

sinto-me: a ser gozada.
publicado por Vera às 23:15

"A cidade está deserta,
E alguém escreveu o teu nome em toda a parte:
Nas casas, nos carros, nas pontes, nas ruas.
Em todo o lado essa palavra
Repetida ao expoente da loucura!
Ora amarga! Ora doce!
Pra nos lembrar que o amor é uma doença,
Quando nele julgamos ver a nossa cura!"

 

Ornatos Violeta

publicado por Vera às 02:09

12.07.09

7h da manhã, Café.

 

"- Bom dia!"

"- Bom dia, um cafézinho por favor!"

Eu tiro o café.

"- Então menina, já está de férias?"

 

(São 7 da manhã e estou aqui a trabalhar. Que lhe parece?!)

 

 

sinto-me: bah -.-'
publicado por Vera às 23:09

10.07.09

Hm, já passou da hora.

Como costume, estou atrasada.

Lá chego ao sítio combinado e ele diz-me que ainda não chegou.

Como costume, está ainda mais atrasado do que eu (É bom ver que certas coisas nunca mudam!).

Ele chega. Vamos a andar em direcção um ao outro, até que paramos frente a frente. Em silêncio. Olhamo-nos longamente...e sorrimos... estamos os dois tão diferentes desde a última vez!

Vá, já chega de melancolia.

Entramos no carro e  ele conduz-me para um bar simpático, boa música, confortável, um ambiente místico.

As piadas do costume, as piadas privadas de quem já partilhou histórias. E que histórias!

Uma brincadeira leva a que, por momentos, fiquemos frente a frente, com uma proximidade desconfortável...

Sinto os seus olhos a olhar nos meus, como se procurasse algo. Alguma resposta, alguma confidência... Ele sorri, e percebo que encontrou o que procurava...

 

"Mona Lisa", diz-me.

"O quê?"

"Mona Lisa. Tu és como a Mona Lisa!"

"O quê? Sou uma obra de arte é?"  brinco.

 

Mas ele continua sério.

"Hum, mas não é isso. Escondes alguma coisa. Não dá para decifrar o teu sorriso."

"Ah sim... a velha piada do mistério."continuo a rir. Costumavas ser tu o alvo, no entanto.

"É, é isso. Parece-me sempre que me escondes alguma coisa. Principalmente agora."

 

E ele dá-me um sermão. Ele, a dar-me sermões, como é possível?

Fala-me de felicidade, de sorrir, de cumplicidade, de amizade. Diz-me que um amigo nunca sorri à frente do outro só porque sim, sem vontade.

Um amigo conta quando não está feliz, desabafa, chora,...

Fala-me durante minutos e minutos, enquanto eu olho para o chá gelado que tenho na mão. Vou mexendo com a palhinha, brinco com as pedras de gelo... vou derretendo, coloco na boca, bebo uns golinhos... Tento abstrair-me da sua voz, tento não deixar que me invada... Mas que lhe deu hoje? Porquê que me está a dizer isso tudo? Que sabe ele? Não sabe nada de mim... não lhe contei o que se passa. Como percebeu?  Como consegue encontrar as palavras certas?....

 

Tarde demais. Foge-me uma lágrima. Sinto-a a escorrer na cara, até o canto da boca...

 

Ouço a sua voz a fraquejar... Olho para ele, e ele já não olha para mim enquanto fala, tem o olhar perdido algures no quadro indiano que temos à frente. Um quadro de belas mulheres, nuas, e um músico de cítara, que, no entanto, está fixo apenas numa delas, que enverga uma bela túnica azul turquesa. Perco-me por momentos no quadro também. Será que o músico está apaixonado ? Tem ali tantas mulheres à volta, tantas tentações, tanta beleza. Mas é a da túnica que recebe a sua atenção... Ele já nao fala. Regresso da história indiana e olho-o.

Ele olha para mim com aquele olhar penetrante. E perfurante. Invasor... Está à espera de uma resposta.

 

 

"Prometo."

Um abraço amigo sela a conversa, e a promessa.

 

 

 

 

O homem do bar vem oferecer-nos um novo chá, pergunta se queremos experimentar, ele oferece.

Vermelho, doce, e saboroso! Hm... gosto!
"Chama-se Paixão do Deserto".

 

"O homem deve pensar que somos namorados."

"Que filme de terror!"

"Eu diria ficção científica!"

"Ou talvez um drama!"

 

E voltamos às piadas do costume, ao conforto, à empatia / sintonia que sempre nos caracterizou. Talvez mais unidos, e seguramente mais amigos.


"Quem se aborrece com a repetição, porque não é capaz de gozar as subtis diferenças que ela nos traz, não conseguirá mais do que repetir o seu aborrecimento, mudem o que mudarem os seus hábitos quotidianos". (Fernando Savater)
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