"E longe vão os tempos em que juntos, éramos nós.
Em que com a Ribeira como cenário, tínhamos conversas longas sobre o porquê da Bubblicious ter as melhores pastilhas de menta, mas não haver sabor a morango como as Gorila. Nas tardes quentes de Verão, em que discutíamos gostos musicais, em que discutíamos livros e filmes, em que me levavas pela mão através das ruas do Porto, a mostrar-me cada pormenor.
Longe fica o dia em que me levaste à Lello a primeira vez. Em que, pegando num livro de Esoterismo, descobrimos pelas linhas das nossas mãos que estávamos destinados a ficar juntos (que belos Esotéricos que nós saímos...).
E bem longe ficaram os dias em que levavas a tua guitarra, e nos jardins do Palácio tocavas para mim. Em que nesse mesmo Palácio, ficávamos tardes a ver filmes, a discutir pormenores, a trocar impressões.
E aquele dia em que, em plenos Aliados, trocamos retratos? Tu com o teu traço perfeito, a suavidade das sombras, das curvas, e eu com o meu traço incerto, desajeitado, quase abstracto. A tua "deusa renascentista" e o meu "amado surrealista".
Longe vão esses tempos. Longe, bem longe, no Verão de 2005.
Já não vou à Lello. A Ribeira já não tem a mesma cor.
Não ficamos juntos, embora haja sempre espaço para o "Para sempre".
No entanto, fomos mais do que amor de Verão. Ficou uma amizade cúmplice que nunca será esquecida.
E um silêncio, entre nós, continua a valer por mil palavras!"
Algures em 2007